sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Natasha de seu nome

Quando começo a pensar nas merdas, depois não páro. Ainda sobre o post anterior:

Quando os meus pais me adotaram, já tinham a caniche há dez anos. Era a menina dos olhos deles e mimada até mais não. Como devem imaginar, a minha mãe ficou com imenso medo que ela tivesse ciúmes e ainda por cima eu vim na fase em que parecia uma borracha, toda mole e cenas, estão a ver? Mesmo pequenina, a bicha ferrava-me eu ficava uma papa.
Então a minha mãe entrou em casa comigo (melhor ceninha que lhe podia ter caído na rifa) e baixou-me, para a cadela me conhecer. Ela cheirou-me durante uns minutos.  Miguitas fóreber. 

Deitava-se debaixo do meu berço e ninguém me pegava ao colo sem ela estar ao lado. Mas ninguém mesmo. Para onde eu ia, ela ia. Tenho fotos em cima da cama dos meus pais, com ela deitada encostada a mim, a olhar para quem estava a tirar a foto, naquela do "o que é que vais fazer à miúda?". Em todas as fotos que tenho, a cadela entra no enquadramento. Ela não tinha muita paciência para as pessoas e era meio independente, mas eu fazia-lhe trinta por uma linha. Quando eu abusava, ela levantava-se e ia para outro sítio, mas nunca me mostrou os dentes.

 Mesmo já crescida, com os meus cinco anos, a minha mãe deixava-me ir brincar para o jardim de casa e ela ia atrás. Deitava-se ao meu lado e acreditem, não havia um único desconhecido que se conseguisse aproximar do portão da casa. Lembro-me que uma vez duas mulheres se chegaram perto porque tinham uma caniche também, e ela meteu-se logo entre mim e elas, a ladrar.

Morreu aos quinze anos, já velhinha, quase cega. Acreditem, chorámos mais do que por muita gente. Só gostava que as pessoas entendessem o quão bons eles são, a sério.

5 comentários:

Anónimo disse...

Quando começas a falar nas merdas e olho para a Nina ali deitada, com umas cuecas da dona vestidas e com um ar de sofrimento horrível, porque está com uma infeção nas glândulas anais, lembro-me que ela tem quase 15 anos e dispenso as lágrimas artificiais que a oftalmologista me receitou, para corrigir a desidratação dos olhos.
A minha menina já tem quase 15 anos, tem cataratas e está quase surda e eu morro de pensar que ela não vai durar muito mais.

P.S. Não é muito importante, mas se quiseres corrigir Quando os meus me adotaram, penso que querias dizer Quando os meus pais me adotaram.

Timido disse...

Devias ver o labrador dos meus sogros, doido que só ele, quando vem a correr na minha direcçao eu até me encolho com medo do embate, e com a minha filha vai pé ante pé com todo o cuidadinho...
E ai de quem se aproximar dela, ou de nós quando brigamos com ela...

Catia Ferreira disse...

Eu já tive alguns animais e, ou morriam ou fugiam, ou o meu pai chateava-se e dava a alguém.
A Cookie, a gata que tenho há quase 3 anos, é uma paz de alma e, há um ano esteve muito doente e tive mesmo medo de a perder. Afeiçoámos-nos tanto a ela e ela a nós que ficamos sempre com um aperto no coração quando percebemos que ela pode andar mais em baixo.

Green disse...

Tens toda a razão, mas infelizmente muita gente não tem a sensibilidade para ver isso.

Karina sem acento disse...

Pronto, agora fiquei com as lágrimas nos olhos. O meu cão morreu no mês passado e é uma sensação tão estranha. Ainda para mais porque eu estou na Irlanda e o cão tinha ficado em casa dos meus pais em Portugal (onde tem, ou tinha, um quintal grande, com quem para passear, uma garagem com a sua camita para dormir, tinha tudo e eu vivo num apartamento em que não é sequer permitido ter animais). Ou seja, antes eu já tinha saudades, mas o saber que ele já não existe não tem sequer comparação... . E a minha mãe que quando vai ao quintal e não vê o cão que viu todos os dias durante 16 anos... tantas, mas tantas saudades :(