domingo, 8 de junho de 2014

Em resposta à anónima:


Ora bem, vou tentar esclarece-la:

Ora bem fomos adotados ainda com meses, portanto a nossa realidade é a família em que crescemos. Há várias formas de o processo correr (vários caminhos). A legal é claro, mais demorada, mas também a mais segura tanto para as crianças como para as famílias adotivas. Os meus pais preferiram esperar anos mas ter as coisas todas certinhas e legais, do que arranjar uma criança num instante e aquilo dar para o torto.

Como reagiram as famílias? Não entendi bem... As famílias biológicas? Se estamos numa lista de adoção, não há muito que as famílias possam fazer, penso. Deram os filhos para adoção, foram processos fechados e portanto nunca houve nenhum contacto entre as famílias.

Não, não queremos conhecer os pais biológicos. Pelo menos até agora, nunca foi uma coisa que me passasse pela cabeça. A minha família é quem me criou. Agora, acho muito importante (muito mesmo) o tema da adoção nunca ser um tabu. Fomos adotados, então não há cá histórias da barriga. Assim que começámos a perguntar de onde é que tínhamos nascido, foi-nos logo explicado que tínhamos vindo da barriga de uma outra senhora. E portanto não sei mesmo quando é que "me contaram". Sempre foi uma realidade bem presente, sempre tive essa noção. E acho que assim é que tem de ser. Estou tão bem resolvida com o assunto que me farto de gozar com alguns aspetos e isso choca mais outras pessoas do que a mim. Estou completamente à vontade para brincar com o assunto e acho que assim é que deve ser...

E pronto, acho que é tudo. Por favor não caiam no estigma de que as coisas vão ser diferentes só porque a criança não é mesmo "vossa". Como a minha costuma dizer, foi ela quem acordou de noite, foi ela que me enfiava logo em todos os hospitais possíveis e imaginários assim que eu começava a espirrar, e portanto a minha mãe é ela.
E manter tudo natural e sem esconder nada é muito importante. Se eu agora, aos 19 anos, descobrisse que tinha sido adotada, a coisa era capaz de correr mal. Assim não, é uma realidade minha, e é tudo igual aos filhos biológicos, não há diferença nenhuma, garanto.
Espero ter ajudado!

10 comentários:

Carolina disse...

É assim mesmo! Eu amava adotar uma criança um dia mais tarde e sinceramente gostava que ela pensasse assim como tu. Pelo menos farei por isso :)

Anónimo disse...

Gosto de te ler, a ti e às tuas peripécias, mas gosto mais ainda de saber que és uma jovem muito madura, com uma visão muito descomplicada sobre a adoção. Parabéns!

ernesto disse...

Mentirosa!
Os teus pais foram buscar-te a uma petshop e escolheram-te por seres a que ladrava mais alto. Odeio mentiras, friendship's over!

Patrícia disse...

Epá porra patrícia combinámos que isso nunca ia ser contado! Vê-se logo que és má amiga, bisca!
Agora só falta contares a toda a gente que a minha mãe era daquelas massagistas ao estilo sumo!! (lembra-te da conversa na cantina xD)

Anónimo disse...

Pois é, eu também fiquei um bocado perplexo quando soube que eras "adaptada"(lol) e confesso que foi após esse episódio que pensei mais seriamente no assunto e hoje sou uma pessoa quase tão bem resolvida como tu.
Acredito que a maioria das pessoas não compreende a adoção, simplesmente por nunca se ter debruçado sobre o assunto, ou nunca ter conhecido alguém que fala de adoção com conhecimento de causa. As pessoas retraem-se ao falar de certos assuntos e é isso que faz deles tabu.
Porra eu lembro-me que fiquei numa espécie de "estado de choque", não sabia o que dizer... achava tão estranho falar com alguém que falava de adoção na primeira pessoa, de um modo tão natural.
Por isso acho muito importante que as pessoas que tencionam adotar, não se limitem apenas aos pareceres técnicos e procurem junto de quem vive a situação (pais, filhos...), algumas respostas importantes para que se acabe com este tabu.
É uma pena que a burocracia continue a atirar crianças para as instituições, enquanto milhares de potenciais pais desesperam por um filho. :|

Opinante disse...

Que post mai lindo!Adorei!

Anónimo disse...

Não sabia que eras adoptada mas parece que estás bem resolvida em relação a isso. Acho que é como dizes, foi bom teres sabido sempre a verdade.

Green disse...

E explicas muito bem, sem dúvida que é com essa abertura que as coisas devem acontecer.

Anónimo disse...

Obrigada por tudo! Sinto-me tão esclarecida! Obrigada pela simpatia e seres aberta em relação a esse assunto... Li os teus posts todos para encontrar esta resposta ao meu comentário... Adoro a tua relação com a tua mãe! Espero ser assim com os meus; obrigada por tudo, a sério :)

Joana Fernandes disse...

Gostei muito de ler algo sobre a adopção beijinhos
!